sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Flora em casa

Desde muito pequenina que sempre vivi rodeada de montes e campos verdejantes, onde passava muitas horas com os amigos na brincadeira. Hoje em dia, tal comportamento, não seria possível. A insegurança tornou-se a notícia diária. Mas no meu tempo, não há tanto tempo assim porque ainda sou jovem, era fantástico ser criança e "comer terra" como eu costumo dizer. Nada nos fazia mal, caíamos, batiamos uns aos outros, passavamos horas em cima das àrvores e à chuva e a única coisa que existia era a felicidade. Uns anos mais tarde o verde começou a desaparecer. Trasnformou-se em betão e abriu novos caminhos. Por essa altura já era mais crescida, já pensava nos meus estudos e passava mais tempo em casa do que na rua. Mas ainda hoje tenho saudades de correr a céu aberto, porque íamos roubar castanhas ou fruta e o medo de sermos apanhados era imenso. Nos centros urbanos usa-se tocar à campaínha das pessoas. Aqui era ir para os campos tirar qualquer coisa e fugir com toda a adrenalina saudável a correr no sangue.
Retomando... A minha aldeia foi perdendo o verde de outrora... E eu nunca tive jardim. Cá em casa não existe muito espaço para plantar algo que cresça. Adoro flores mas entristece-me que ao final de alguns dias em àgua morram. Prefiro àrvores e vasos... Há alguns anos começei a interessar-me pelas Bonsai... Como não posso ter àrvores grandes em casa, achei boa ideia ter àrvores pequeninas. Talvez seja uma crueldade porque são manipuladas para não crescerem. E não sou a favor de manipulações. Mas creio que esta não faz mal a ninguém. Então há 5 anos, alguém que sabia que eu gostava e tinha um interesse por Bonsai, ofereceu-me uma no meu aniversário. Uma Carmona muito bonita que, infelizmente, está a morrer. Tentei a salvação o ano passado, mas segundo um mestre que contactei em França não havia muito a fazer porque, segundo me disse é costume acontecer e não sabe porquê. Acho que por estarem em terra de florista não resulta muito bem. Apesar de uma amiga me ter trazido terra própria de França, a Carmona está em decadência para minha grande tristeza. Foi um desespero tentar salvá-la porque na minha cidade e arredores não consegui encontrar vasos próprios e terra própria para bonsai. Veio tudo de longe.
Adiante...
No verão do ano passado comprei uma ficus retusa no Ikea de Matosinhos. Fantástica... Mas vinha num vaso de plástico (que mau gosto). Tive que mandar vir um vaso de França para mudá-la antes que desse sinais de morte precoce. Mudei-a no Natal e ficou linda. No Verão, a minha amiga que mora em França ofereceu-me uma mini bonsai, uma pinus pinea que vinha numa espécie de pack. Ou seja, vinham as sementes, a terra e o vaso para que eu fizesse tudo desde o início. Tinha que a plantar e ver se crescia. Assim fiz. Mais tarde a minha amiga avisou-me que a dela e a de uma prima tinham rebentado mas passado algum tempo morriam. Eu vi a minha a rebentar e a crescer com fé que conseguisse sobreviver ao agoiro... Passado uma semana estava a definhar :-(
Há algumas semanas deram-me inesperada e surpreendentemente uma Operculicarya com 6 anos. Não estava nada a contar e fiquei super feliz mas já com aquele receio de, um dia, acontecer o que aconteceu à primeira. A única que se tem aguentado bem é a Ficus Retusa e a Operculicarya também está porreira. De dia coloco-as fora de casa, num sítio coberto mas com bastante luz. E à noite voltam ao "ninho" :-)
De algum modo consigo ter um pouco de O2 à minha volta... e trato-o com o maior carinho. Tento seguir as recomendações e conselhos que vou pesquisando em livros e na net para não prejudicar as arvorezinhas...
Vou postar as imagens de todas já a seguir...

4 comentários:

Noah disse...

Pois é,
depois deste post tão sério e comprometido...
Vou continuar a viagem

ameixa seca disse...

Eu também sei ser séria :) E as plantas são uma outra paixão!

Sofia.Lopez disse...

Um gosto em comum...campo e plantas! Sou "menina" de cidade, nascida e crescida...mas os meus pais nasceram no campo e tivemos sempre lá as nossas raízes. Há 6 anos troquei a selva urbana e as 2h de transito para ir trabalhar, pelo campo...ah foi o melhor que fiz. Vivo sozinha, na aldeia onde os meus pais nasceram, também me licenciei, mas arranjei um trabalhito noutra áera (não é fácil aqui o emprego) e por aqui vou ficar. É outra qualidade de vida e por cá encontrei o amor :)
Na selva em que vivemos temos de procurar uma confort zone, e eu acho que não deves desistir de ter o teu espaço verde :) Dizem que plantas de outros países não duram muito cá devido a diferença climatérica...as plantas são muito sensíveis! :)

ameixa seca disse...

Sofia, sou a eterna menina da aldeia. Só fui viver prá cidade grande quando fui estudar para Coimbra :) Depois voltei e continuo a ouvir os passarinhos ;)