Acho que tivemos a confirmação de que já não vivemos numa democracia. Afinal, só faltava a confirmação do presidente deste país à beira mar afundado, de que regredimos e estamos em plena ditadura, estamos a fazer "regime" (grande trocadilho eh eh) e, pelos vistos, está satisfeito com isso. Concordo que Portugal é de quem cá vive, somos um país de pessoas, de culturas e de etnias. Não me ocorreria chamar-nos um país de raças (até porque para mim quem tem raça são os animais), expressão que caracterizou o Estado Novo. Mas os senhores doutores andam a estudar para alguma coisa e, depois chega a malandra da doença de Alzheimer*, e eles esquecem-se do tempo em que estão. Tem a sua lógica pois, passamos por uma crise que faz lembrar a ditadura, não podemos dizer nada que atinja os "copinhos de leite" que se insultam na assembleia, o lápis azul tá na moda, os bens essenciais atingem valores exorbitantes, quem não tem conhecimentos vive de esmola, quem tem trabalho tem que aguentar as broncas do patrão porque quem pode também manda, e por aí em diante. Daqui a uns tempos não podemos sequer pensar, imaginar ou sonhar que temos a inquisição à porta. Não entendo onde vamos parar... se os nossos supostos representantes levam-nos por mares que já foram navegados e, nós queremos e merecemos outras conquistas, outros sonhos, outras realizações. Queremos a liberdade pela qual os nossos familiares lutaram e sofreram, a igualdade descrita na Constituição da República Portuguesa, queremos praticar o que está na teoria. Aí seremos, sem dúvida, um povo pleno. Mais uma vez, merecemos mais que estas afirmações démodé. Estamos no Século XXI e para onde vamos? Olhem... agora ia às trombas de umas quantas raças raras que, por cá andam a passear e a ganhar três reformas, que nos gozam nas barbas e nós a viver de migalhas. Não é justo e se o país é de raças então tratem-nos como raças do país e preservem-nos antes que entremos em extinção... Se me quiserem colocar no Zoo eu aceito... pelo menos há cama, comida e roupa lavada (ou não, se é natureza é tudo ao natural, certo?). Entretanto cozinhamos a indignação com ingredientes com raça... há que aconchegar o estômago de pensamentos inquietos :)
Ora... sai uma pizza com uma miscigenação, por favor!
Ingredientes para a massa:
175 g de farinha (usei raça farinha de neve)
1 pitada de sal
1 colher de chá de fermento em pó (usei raça royal)
1,5 dl de água morna
1 colher de sopa de azeite (usei raça gallo)
farinha q.b.
Molho:
1 dente de alho
1 cebola
azeite q.b
1 cenoura
0,5 kg de tomate maduro (usei raça de lata já pelado)
1 colher de chá de farinha
1 pitada de açúcar (usei raça sidul)
1 pitada de oregãos (usei raça cigalou)
sal q.b.
1,5 dl de água
Recheio:
queijo ralado q.b (usei raça limiano)
fiambre q.b (a raça não era da perna extra mas era de porco)
meio pimento vermelho
200g de cogumelos frescos laminados ou 1 lata (usei raça Paris)
Preparação da massa:
Peneire a farinha para uma tigela e misture o sal e o fermento; incorpore a água, o azeite e amasse bem. Deixe repousar cerca de 15 minutos. Polvilhe uma superfície de trabalho com farinha; tenda a massa e estique-a bem com o rolo, até obter uma massa fina. Disponha a massa num tabuleiro (eu usei o do forno) e pique-a com um garfo.
Preparação do molho:
Pique o dente de alho, a cebola e corte a cenoura em meias luas. Coloque num tacho e junte-lhes duas colheres de sopa de azeite. Deixe refogar; junte o tomate maduro picado, a colher de farinha, a pitada de açúcar e os oregãos. Tempere de sal e deixe apurar, mexendo com frequência. Regue com 1,5 dl de água fervente e deixe cozinhar, em lume brando. Depois retire e reserve. Quando estiver morno, passeo na varinha mágica ou liquidificador.
Depois é só espalhar o molho pela massa da pizza e dispor os ingredientes cortadinhos aos pedaços pela ordem que quiser. No fim, espalhei oregãos por cima da pizza e levei ao forno até o queijo estar gratinado. As pizzas podem ser feitas com os ingredientes que estiverem no frigorífico. Usei as raças que tinha e foi uma bela mistura ;)
*Com o maior respeito pelas pessoas e seus familiares que convivem de perto com a doença.
Quero também dizer que se enganam aqueles que passam os olhos por estes posts e acham que é tudo raiva e ódio. Não é, são, sobretudo, palavras bem dispostas que tentam espelhar o estado da nação que é a minha. Acima de tudo mantenho a minha capacidade crítica e a capacidade de sorrir perante as desgraças e vitupérios que me atingem directamente. Não fosse a minha gargalhada, estaria internada e a levar uns quantos choques eléctricos, e olhem que a electricidade está cara ;)